Por que não nos veem como bailarinas?
- Thiana Calmon
- 16 de mar. de 2022
- 2 min de leitura
Eu recebi essa pergunta quando pedi por sugestões de conteúdo lá no Instagram mas como responder?
Essa questão me atravessou e atravessa de muitas formas. E estou internamente buscando alguma resposta, lembrando das conversas que participei, dos comentários que ouvi, dos textos que li, de tudo o que já estudei, de tantas pessoas que conheci...
É difícil responder a pergunta sem pensar no sujeito da frase: "Quem"? Quem não nos vê como bailarinas, ou melhor, quem não quer nos ver como bailarinas?
Pessoas que ainda acreditam que a dança tem espaço apenas para jovens físicos com musculatura definida? Pessoas que acreditam que o ballet só é ballet se for nos grandes palcos? Pessoas que preferem que a dança continuem em um lugar elitista e privilegiado (seja pelo físico ou pelo financeiro)? E quais motivos elas tem para acreditar que a dança não é para todos?
Quais motivos de acreditar apenas no virtuosismo técnico? E as histórias e o movimento que nasce num corpo que nunca dançou antes ou de quem já passou dos 30? Por que não serve?
Seria porque aprenderam a acreditar que bailarina é apenas aquele ser quase fantasioso seguindo um padrão eurocêntrico, esguia, flexível e jovem? Bailarina é só aquela com uma história que começa aos 3 anos de idade?
Mesmo aquelas que dançam uma vida inteira e apenas por terem escolhido outra atividade profissional muitas vezes caem nessa "invisibilidade artística". Já percebeu que em muitas escolas a turma juvenil é a mais avançada? E que mesmo com capacidade de acompanhar, se uma adulta resolve fazer essa aula ela é julgada ou ignorada, tratada quase como decoração da sala? Vão dizer que os objetivos da turma são outros, mas será mesmo que é só isso?
Mas se não é para ser profissional, então por que fazemos tanta questão do termo "bailarina"? Na minha pequena opinião, não é a palavra em si. É a forma como somos vistas e tratadas. Mesmo que a dança não seja nossa principal atividade, queremos desafios, queremos aulas boas, com técnica, com arte, com expressividade, queremos palco, queremos dançar e dançar bem.
Querida amiga que deixou essa pergunta, eu não tenho as respostas e olha que estou há dias pensando nessa questão, mas uma coisa que eu acredito é que não podemos esperar a aprovação de pessoas que pararam no tempo, que tem apenas como certa sua visão de mundo. Se queremos ser entendidas como artistas, antes de mais nada precisamos nos assumir artistas e sermos protagonistas dessa revolução que é mostrar as possibilidades da dança para todos os corpos e idades.
Quem vem comigo?
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